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Hoje é dia: 16/04/2024



LE ISTITUTIONI HARMONICHE -1558
La Terza Parte
Delle Institutioni Harmoniche
DI M.
GIOSEFFO ZARLINO DA CHIOGGIA,
NELLA QUALE SI RAGIONA DELLA SECONDA PARTE
DELLA MUSICA CHIAMATA PRATTICA, CIOE DELL'ARTE DEL CONTRAPUNTO.


O que é contraponto e porque é assim denominado
Primeiro Capítulo

 

 

Havendo até agora nas duas partes precedentes argumentado suficientemente em torno da primeira parte da música, a dita teórica ou especulativa, e vendo as coisas que são pertinentes e necessárias ao músico, resta agora que, nestas duas partes seguintes, apresente as coisas que correspondem a segunda parte da música, chamada [música] prática, que consiste na composição de canções ou cantilenas, que podem ser compostas a duas ou mesmo a mais vozes e que os práticos denominam Arte do Contraponto. Contraponto [é, portanto], o objeto principal desta parte; veremos antes de tudo o que ele é e porque é assim chamado.

Digo pois que contraponto é:

  • aquela concordância ou concento que nasce de um corpo, o qual tenha em si diversas partes, e diversas modulações acomodadas nas diversas cantilenas, ordenadas com vozes distantes uma das outras por intervalos comensuráveis e harmônicos;
  • e é aquilo que no capitulo 12 da segunda parte eu denominei de harmonia própria.
  • Se pode também dizer que o contraponto seja um modo de harmonia, que contenha em si diversas variações de sons ou de vozes cantáveis com certa razão de proporções e de medidas de tempo: ou verdadeiramente que ele seja uma certa união artificiosa de sons diversos reduzida a concordância.

Destas definições podemos recolher que a arte do contraponto não é outra que a faculdade que ensina a encontrar as várias partes da cantilena e a dispor os sons cantáveis com razão proporcional e mistura de tempos nas modulações.

E porque os músicos já compunham seus contrapontos somente com alguns pontos o chamavam contraponto: punham-nos um contra outro, como nós fazemos no presente pondo uma nota contra outra e tomavam tal ponto pela voz visto que como o ponto é princípio da linha, e também seu fim, assim o som ou a voz é o princípio e o fim da modulação, e entre essas é contida a consonância das quais se faz o contraponto.

Seria talvez mais sensato chamá-lo de contrasom do que contraponto pois um som se põe contra o outro, mas partindo do uso comum, quis também chamá-lo de contraponto; quase ponto contra ponto; ou nota contra nota.

Se deve pois advertir, que o contraponto se encontra de dois tipos: simples e diminuído.

  • o simples é aquele que tem as modulações compostas somente de consonâncias e de figura iguais, sejam quais se queiram uma contra outra;
  • mas o diminuído não somente tem as partes compostas de consonâncias, mas também dissonâncias, e neles se põe todo tipo de figuras cantáveis, segundo o arbítrio do compositor e de seu tempo.

É próprio do contraponto ascender e descender com diversos sons ou vozes, por movimentos contrários em um mesmo tempo, por intervalos proporcionais que são movidos pela consonância, pois a Harmonia não nasce de outro que da diversidade das coisas que são colocadas juntas e são, entre elas, opostas.

E tanto mais o contraponto é julgado prazeroso e bom quanto mais se usa com boa graça, melhores modos, com ornamentos e belo proceder. E isto segundo as regras que buscam a Arte do Bem e do corretamente compor.

É necessário, porém, advertir que o intervalo na modulação se toma pela passagem tácita que se faz de um som ou voz a outro, o qual é inteligível mesmo que não se possa ouvir.

Gioseffo Zarlino